Prefeito e
Vereadores de Ourém foram
proclamados eleitos
Nesta última
Terça (18/12) no prédio da Câmara Municipal de Ourém aconteceu a diplomação dos
candidatos eleitos para cargos de prefeito, vice prefeito e vereadores dos
municípios de Ourém e Santa Luzia do Pará. O evento que contou com a presença
de autoridades, políticos, e representantes das sociedades ouremene e luziense.
A 41ª Junta Eleitoral, que abrange os municípios de Ourém e Santa Luzia do
Pará, proclamou os novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores desses dois
municípios, tendo como presidente da 41ª Junta Eleitoral o dr. Juiz Omar José
Miranda Cherpinsk, representado pelo Chefe do Cartório Eleitoral de Ourém o Sr.
Juvenal Pereira Vieira que presidiu a solenidade de entrega de Diploma aos
eleitos, tendo como mestre de cerimônia o dr. Ricardo Alexande Rodrigues de
Queiroz. Foram diplomados pelo município de Ourém: Valdemiro Fernandes Coelho
Junior do Partido Democrático – DEM como prefeito municipal de Ourém e Carlos
Almir Serra de Souza do Partido Social Democrático Brasileiro - PSDB como vice- refeito municipal de Ourém, os
vereadores: Francisco Roberto Uchoa Cruz (Roberto) do PSDB; Ebe da Costa
Potiguar Lima (Ebe Potiguar) do PSDB; Frank Nazaré Silva Pereira (Frank) do
PTB; Luis Claudio da Silva Lima (Malária) do PMDB; Hamilton Antonio de Oliveira
(Hamilton) do PMDB; Edilson Moreira do Nascimento (Edilson) do PMDB; Marcio dos
Santos e Silva (Marcio) do PSDC, Francisco das Chagas da Silva Vasques (Chico
Barbudo) do PT e Francisco Edson dos Santos Silva (Edson Coco) do PDS. Pelo
município de Santa Luzia foram diplomados: Adamor Aires de Oliveira do PR –
Partido da República como prefeito e Robson Roberto da Silva, os vereadores:
Maria do Socorro Saldanha (Socorro Saldanha) do PSD; Olinda da Luz Lucena (Dona
Olinda) do PRB; Francisco de Assis Nascimento de Souza (Nenenzão) do PTB; Orley
Soares de Souza (Orley) do PR; Getro Dias de Carvalho (Jeto) do PMDB; Mario
Sergio Bezerra Bessa (Marinho) do PR; José Carlos da Silva Reis (Carlinhos do
Sindicato) do PT; Fernandlo Soares Vieira (Nando) do PSB; Ednaldo Tembé (Naldo)
do PT; José Edson Oliveira de Melo (Zeca do Bento) do PT e Marinaldo da Silva
Nascimento (Naldinho) do PMDB. A população ouremense compareceu em massa para
prestigiar o evento, aonde feitos imúmeras homenagens aos diplomados, tendo
como tema principal a seriedade das eleições do ano de 2012, onde prevaleceu a
democracia e o direito de voto do povo. E como alerta aos eleitos, fez se o
registro “que o povo elege, mas tem também o poder tirar através do voto nas
próximas eleições! Em seu discurso que foi emocionado “Junhão” reinterou seus
agradecimentos aos eleitores ouremenses, à sua família, aos parceiros políticos
e a todos aqueles que colaboram para a sua eleição para prefeito de Ourém e
elogiou o trabalho do TRE na realização das eleições 2012, reafirmando uma das
falas de seu discurso, "Vou precisar de todos vocês para retomar as coisas
boas de nossa cidade, sozinho não consigo", disse o prefeito eleito,
demonstrando uma mudança na forma participativa como deve administrar a sua
gestão nos próximos anos, uma vez que esta fala se repetiu durante toda
campanha.
Por Alfredo Santos
Mais uma vez a
procissão de São Benedito reuniu centenas de fervorosos devotos na tarde da
ultima segunda ( 23/12). Como já é tradição, a concentração dos fieis começa
logo bem cedo no inicio da tarde, com a caminhada até a capela localizada na
vila Tininga município de Capitão Poço distante 3 km da Igreja Matriz no
município de Ourém, local da chegada do Glorioso.
Este ano
duas coisas marcaram a procissão. Uma torrencial chuva na saída dos fieis e o
percurso que foi alterado, sendo que a caminhada percorreu algumas ruas da
cidade.
Confira as
imagens da procissão no registro fotográfico de Luis Carlos e Paulo Bragança.
Em
Flash
São Benedito - O Santo Negro
Diz o Ofício Litúrgico de São Benedito do próprio da Ordem Franciscana: "Benedito que pela sua cor preta foi chamado o santo preto". Benedito era de família descendente da África. Seus avós eram etíopes. Benedito, portanto, tinha a pele de cor negra. Uma piedade falsa dos séculos 19 e 20 (até os anos 50) queria atribuir uma cor de pele morena, quase branca, ao nosso santo, como se não ficasse bem a glorificação nos altares da raça negra. Assim como Benedito, também Santo Elesbão e Santa Efigênia são de cor negra e deram muitas glórias ào Senhor e à Igreja.
Humilde foi a origem do santo negro. Benedito era filho de Cristovam Manasseri e Diana Larcan, descendentes de escravos trazidos da Etiópia, África, para a Sicília, Itália. O pai fôra escravo de um rico senhor, Vicente Manasseri, e dele recebera o sobrenome. Diana, sua mãe, fora libertada por um cavalheiro da Casa de Lanza. E como os escravos tomavam o nome de seu senhor, veio a chamar-se Diana Larcan ou de Lanza.
Casados, Cristovam e Diana viviam como bons cristãos, fiéis à Lei do Senhor e humildes numa vida de oração e trabalho. Sua mãe, conforme consta do processo de beatificação de São Benedito, era devota fervorosa do Santíssimo Sacramento e extremamente caridosa para com os pobres, dons que Benedito herdaria por toda a vida. Cristovam era fervoroso, voltado para Deus, a família e o trabalho. Recitava diariamente com edificante piedade o Rosário de Maria e o ensinava a quantos com ele trabalhava. Diante dele ninguém blasfemava ou dizia obscenidade. Tantas vezes podia, aproximava-se da Mesa Eucarística. Mereceu a confiança dos patrões, pela honestidade e retidão que o caracterizavam no trabalho. Por isso, foi nomeado chefe dos trabalhadores. Dispunha os seus bens em favor dos mais pobres.
Um fato que chama a atenção na vida do pai de Benedito: por ciúmes, alguns companheiros de trabalho o caluniaram, dizendo que ele dilapidava os bens do patrão em nome da caridade. O honesto feitor viu-se do dia para a noite deposto de seu cargo, sofrendo vergonha e humilhação. Deus veio em seu socorro: os negócios de Manasseri não iam bem e sua terras terras já não produziam como antes. Morriam seus animais e seus campos eram vítimas de pragas. O patrão percebeu a injustiça que havia cometido e mandou chamar Cristovam e o reintegrou no cargo de ofício, com mais pode e autoridade que antes. Fez ainda mais: deu ao escravo piedoso e fiel, toda a liberdade para socorrer os pobres que o procurassem. Deu muitas esmolas e os negócios de Manasseri prosperaram.
Outro fato que chama a atenção nos pais de Benedito é de que fizeram voto de castidade ao contraírem matrimônio, vivendo na penitência, no trabalho e na oração. Foi o patrão quem persuadiu os pais à exercerem os seus direitos de matrimônio, prometendo dar liberdade aos seus descendentes. Assim o fizeram, assim nasceu Benedito, fruto de uma bênção especial de Deus: Bendito! Bendito! Bendito! Era o ano de 1524. Nasceu livre quanto à condição, e mais livre quanto à santa liberdade dos remidos pelo Sangue do Cordeiro. Dele se dizia: Negro e muito formoso, devido os traços finos de seu rosto.
A formação cristã do pequeno Benedito se deve à sua mãe, Diana, virtuosa e rica da graça do Senhor. Benedito crescia em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Cristovam e Diana, repartindo o tempo entre a oração,o trabalho e a educação de seu primogênito, viviam santamente e Benedito era levado à Igreja pelas mãos paternas. Tiveram outros filhos: Marcos, Baldassara e Fradella. Esta casou-se com um escravo chamado Antonio Nastasi, com o qual teve uma filha, Violante, que mais tarde entrou para um convento da Ordem Terceira de São Francisco, recebendo o hábito de seu tio Benedito. Chamou-se Soror Benedita e viveu santamente. Morreu em Palermo, e há testemunhas que atestam milagres operados por Deus com a sua intercessão.
Benedito foi pastor de ovelhas. Foi muito fiel ao seu dever. Enquanto pastoreava, rezava piedosamente o Rosário. Procurava os lugares mais afastados, pelos altos montes, com boa pastagem e água para seu rebanho, para poder também orar e meditar. Certa vez o encontraram escondido em uma gruta, num momento de folga, de joelhos, olhos fixos no céu, todo arrebatado em êxtase. À partir desse dia, nunca mais o ridicularizaram.
Aos dezoito anos, Benedito se abrasou no amor do Senhor e demonstrou interesse em se dedicar totalmente a Jesus. Com sacrifícios, conseguiu comprar uma junta de bois, e com eles passou a ganhar alguns trocados e socorrer os pobres. Isso durou até completar vinte e um anos de idade.
Fatos importantes da vida de Benedito no Convento de Santa Maria di Gesú:
* foi recebido em festa pelo Guardião dos Franciscanos Frei Arcângelo de Scieli, que conhecia sua fama de santidade;
* depois de poucos dias, foi enviado ao Convento de Sant'Ana di Giuliana, um dos Mosteiros mais fervorosos da Ordem;
* após 3 anos, voltou ao Convento de Santa Maria di Gesú, onde ficaria até a morte;
* seu primeiro ofício foi o de cozinheiro, juntando a atividade de Marta à contemplação de Maria (Lc 10, 38-42).
Fez da cozinha um santuário de oração, vivendo sempre alegre e cheio de mansidão para com todos;
* início dos prodígios: o Capítulo da Ordem iria se realizar no Convento. Devido a neve, os frades não poderiam mendigar conforme a Regra estabelecia. Por descuido, o Superior não providenciou o necessário. Como a situação era grave, Benedito chamou um de seus auxiliares e o mandou encher umas vasilhas de água. Diante do espanto do Irmão, que sabia não haver carnes ou peixes para a refeição, Benedito replicou: enche as vasilhas e cobre-as com tábuas. Recolheu-se aos seus aposentos e pôs-se a rezar. Ao amanhecer, chama seu auxiliar e vão à cozinha. Ali ocorreu o milagre: grandes peixes, suficientes para várias refeições, estavam nas panelas;
* certo dia a carne chegou atrasada e os frades começaram a pedir a mesma. Benedito disse que a mesma estava ao fogo há poucos minutos, mas iria ver o que fazer. Encontrou a carne bem temperada, cozida e pronta;
* trinta operários prestavam serviços voluntários no convento. Certo dia, porque vieram sem prévio aviso, encontraram as despensas do Convento vazias. Benedito pôs-se em oração e serviu farta refeição aos operários e ainda sobraram alimentos para a despensa;
* Sem lenha para o fogão, Benedito subiu ao monte e encontrou uma grande árvore derrubada por raio. Seriam necessários vários homens fortes para conduzirem a mesma. No entanto Benedito a colocou no ombro sem nenhum esforço, causando espanto a todos os que viam a cena;
* O Arcebispo de Palermo, Dom Diogo d´Abedo, gostava de se recolher uns dias para descansar e rezar no Convento de Santa Maria di Gesú. Vindo para as festas do Natal, trouxe consigo grande quantidade de víveres. Na missa da aurora do Natal, Frei Benedito, abrasado de santo amor, vai receber a Santa Comunhão. Sente o Menino Jesus em seu coração como no presépio de Belém.
Chora ao contemplar um quadro ao lado do Altar. Caiu em êxtase, ficando ali várias horas arrebatado, sem pensar nos trabalhos da cozinha. Quando estava para começar a Missa solene Pontifical, o Superior foi à cozinha e viu o fogo apagado. Clamou por Benedito, reclamando o almoço para logo depois da Missa. O Convento ficou em polvorosa, para não fazer feio diante do Arcebispo. Foi o turiferário quem encontrou Benedito a contemplar o Menino Jesus , chamando sua atenção quanto ao almoço. A resposta de Benedito o desconcertou: Não se aflija, irmão! Após a Missa, acendeu uma vela e voltou a rezar. Os irmãos o injuriavam, revoltados com a preguiça e o descaso do frade negro. Viam a vergonha diante dos olhos. Benedito calou-se e calmamente acendeu o fogo.
Quando chegou o horário da refeição e o Superior ordenou a arrumação da mesa, viram dois belos jovens acabando de preparar suculento banquete para o Arcebispo e todos do convento. As injúrias se transformaram em louvores e graças ao Senhor e ao humilde servo.
* Benedito era leigo e analfabeto. Mesmo assim, tornou-se Superior do Convento e modelo admirável no governo daquela casa;
* em 1578, reuniu-se o Capítulo Provincial dos Franciscanos no Convento de Santa Maria dos Anjos, em Palermo. Houve a separação da Reforma e da Observância da Regra, sendo que o Convento onde Benedito morava passou à Ordem Reformada. Frei Benedito foi eleito Superior, por sua santidade e servidão. Enquanto todos se alegravam, Benedito se entristeceu e procurou o Padre Superior, rogando que o liberasse desse cargo, pois era analfabeto e ignorante. Seu Superior não o liberou e, em nome da Santa Obediência declarou: Doravante serás o Superior do Convento de Santa Maria di Gesú. A Benedito coube somente obedecer;
* sua firmeza e observância das Regras faziam com que o Convento tivesse uma vida ativa e cheia de graça;
* alguns autores dizem ter sido Frei Benedito Mestre de Noviços. Há autores que discordam, pois esse cargo era exercido somente por Presbíteros. Mas a dúvida continua, pois já havia acontecido a exceção quando Benedito foi indicado para o cargo de Superior, exercido também por um Presbítero;
* os noviços tinham grande admiração por Benedito e tinham nele um grande conselheiro;
* Benedito tinha o Dom da Ciência Infusa. Sem saber ler ou escrever, conseguia dar aulas sobre todos os assuntos ligados à Religião, à Ordem ou à Fé. Tinha muita clareza, espírito e unção. Teólogos e Mestres ouviam atentamente o grande santo;
* Segundo Frei Giacomo di Pazza, uma das testemunhas do processo de beatificação, não se passava um dia sem que acontecesse um prodígio operado pela intercessão de São Benedito;
* Um dos milagres operado em vida: várias senhoras, num carro puxado por cavalos, sofreram um grave acidente, no qual D. Eleonora caiu sobre uma criança de cinco meses de idade, tendo a criança morrido asfixiada. Diante do desespero de todos, Benedito tomou a criança nos braços, põe a mão na testa gelada e recita algumas orações. Entregando a criança, disse: a senhora já pode amamentar a criança. A criança morta, em contato com o seio da mãe, adquire vida novamente e suavemente suga o leite da mãe (na imagem tradicional, São Benedito está carregando essa criança, e não o Menino Jesus, como muitos acreditam) ;
* uma criança morreu esmagada sob o peso do pai e do carro puxado por cavalos em que estava. Pedindo confiança em Deus e em Nossa Senhora, Benedito toma nos braços a criança, enquanto inicia a oração. Ao fazer o sinal da Cruz sobre a criança, esta abre os olhos e pôs-se a chorar e gritar. Ressuscitara maravilhosamente;
* Também um cego recupera a visão quando Benedito lhe faz o sinal da Cruz sobre os olhos; outro cego, que perdera a visão há um ano, sem conseguir resultados com os médicos, recupera a visão quando Benedito lhe faz o sinal da Cruz sobre os olhos;
* Incrível! até um cavalo é ressuscitado por Benedito, o cavalo que era do serviço do Convento e que caira num abismo;
* após servir os pobres, Frei Vito vira chegar soldados espanhóis famintos e sedentos. Assustado, viu que havia poucos pães em seu cesto. Instado por Benedito a servir os soldados, percebeu que o cesto não se esvaziava e assim pôde alimentar grande contingente de soldados;
* um pescador pobre, pai de sete filhos, não conseguia pescar um mísero peixe sequer. Vendo a aflição do pobre homem, Benedito orou e o pescador viu quantidade inacreditável de peixes em sua rede; Muitas curas físicas foi realizada por Deus sob a intercessão de São Benedito, em vida e após a sua morte.
Em fevereiro de 1589 Benedito caiu gravemente enfermo. Embora seu médico, de grande fama na região, previsse sua morte, Benedito o alertou que ainda não havia chegado sua hora. Portanto, recuperou-se. Em março tornou a adoecer, com uma febre muito altta. Nenhum remédio o aliviava. Previu então sua morte e fez um pedido estranho: "enterrem logo o meu corpo para que não tenham contrariedade".
Recebeu a Unção dos Enfêrmos e o Viático, preparando-se para o encontro com o Senhor. Não aceitou ainda a colocação das velas em suas mãos, pois avisaria quando chegasse a hora. Recebeu a visita de Santa Úrsula e as onze mil virgens em visão. Daí poucos minutos, chamou Frei Guilherme e mandou que acendesse a vela e pusesse em suas mãos. Era chegada a hora. Exclamando "Jesus! Jesus! Minha Mãe doce Maria! Meu pai São Francisco", Benedito faleceu na paz do senhor. Era 19 horas de 4 de abril de 1589, terça-feira de Páscoa, aos 65 anos de idade, dos quais passara 21 anos no mundo, 17 no Eremitério e 27 na Ordem Franciscana.
A profecia de que era preciso enterrar logo o seu corpo, cumpriu-se após o velório. Multidão invadiu o Convento querendo relíquias ou lembranças do grande santo. Em 7 de maio de 1592, seu corpo foi transladado pela primeira vez. Do seu corpo exalava sublime perfume, sendo seu corpo encontrado em perfeito estado de conservação, sem uso de qualquer produto químico. Em 3 de outubro de 1611 foi feita a segunda transladação do corpo, colocado em urna de cristal. Ainda hoje continua conservado, exposto em Urna Mortuária para visitação pública numa Capela lateral da Igreja de Santa Maria, em Palermo, Itália.
Fonte: São Benedito, o Santo Negro - Monsenhor Ascânio Brandão
Industria Gráfica Siqueira, 1949.
ALERTA!
Beber
e dirigir agora dá cadeia
Os termômetros
marcavam 12 graus centígrados na noite da terça-feira 24 em São Paulo. O frio
poderia ser um atrativo a mais para correr para debaixo das cobertas cedo, mas
os paulistanos não pareciam dispostos a abrir mão do prazer de saborear um
chope bem tirado na companhia dos amigos. No boêmio bairro da Vila Madalena, os
bares estavam lotados, os garçons serviam tulipas em todas as mesas e a nova
legislação, que estabelece até cadeia para quem dirige sob o efeito do álcool,
em nada atrapalhava o clima festivo. "Nem me lembrava da lei. Só agora que
você tocou no assunto", admitiu a executiva Patrícia Galvadão, 32 anos,
que tomava uma caipirinha de saquê no Boteco São Bento e voltaria para casa,
distante 20 minutos do bar, dirigindo. Na mesa de Patrícia, mais oito amigos.
Cinco confirmaram que pegariam o carro na saída, embora estivessem bebendo. Se
fossem flagrados pela polícia, teriam sérios problemas.
Desde o dia
20, quem tiver 0,2 grama de álcool por litro no sangue - que corresponde a 0,1
mg de álcool por litro de ar expelido, detectado em teste com bafômetro, terá
cometido uma infração gravíssima, seu veículo retido, pagará multa de R$ 955 e
será proibido de dirigir durante um ano. Esta quantidade equivale a um chope
para uma mulher de 60 kg (leia quadro à pág. 78). Se o total de álcool no
sangue ultrapassar 0,6 g/l, o motorista irá preso e responderá criminalmente. A
pena de seis meses a três anos é afiançável. As medidas endurecem a legislação
de 1997, que previa a tolerância de 0,6 grama de álcool por litro de sangue,
quantidade semelhante ao limite estabelecido em países desenvolvidos. O
infrator estava sujeito à mesma multa e suspensão da carteira por um ano, mas
não era um criminoso.
A intenção
do governo com esta política de tolerância zero é reduzir as tristes
estatísticas de acidentes de carro no Brasil. Segundo a Associação Brasileira
de Medicina de Tráfego, 36 mil pessoas morrem no trânsito por ano no País,
conforme dados de 2006. Em 61% dos casos, o motorista havia bebido. Quando
houve vítimas fatais, o condutor estava alcoolizado em 75% das vezes. "A
lei é propositalmente dura para tentar reverter este quadro. É dura, mas numa
linha mundial", diz o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz
Paulo Barreto. "Acredito que em um ano essas medidas podem reduzir em 40%
os acidentes com mortes."
A pesquisa
Beber e Dirigir, divulgada na semana passada pela Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), analisou o comportamento de 6.356 motoristas durante dois anos
em cinco cidades e mostra dados alarmantes. Dos que concordaram em se submeter
ao bafômetro (75% dos entrevistados), 19% estavam com níveis de álcool no
sangue superiores a 0,6 g/l. Números, em média, seis vezes mais elevados do que
os auferidos em pesquisas semelhantes nos países desenvolvidos. E são os
adolescentes e jovens adultos as principais vítimas de acidentes de trânsito.
"A tolerância deles ao álcool é menor. Ou seja, doses ainda menores podem
ter efeitos mais intensos", diz a psiquiatra Ana Cecília Marques,
presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas. Nos
três primeiros dias de vigência da lei, centenas de motoristas foram presos e
multados em nove Estados do País.
Ninguém tem
dúvida sobre a necessidade de mudar esta realidade. Mas a nova lei seca está
longe de ser uma unanimidade por seu rigor. Agora, o casal que sair para jantar
e dividir uma garrafa de vinho poderá terminar a noite na cadeia se for parado
em uma blitz com bafômetro. Chef do estrelado restaurante Le Pré Catalán, no
Rio de Janeiro, o francês Roland Villard lamenta o radicalismo da legislação.
Uma boa comida, segundo ele, precisa de um bom vinho. "Uma taça não
compromete. Os acidentes são causados por quem bebe, mas por quem bebe
muito", pondera. A política de tolerância zero implica uma mudança de
hábitos sociais. O churrasco dominical regado a chope com a família será
diferente, cidades turísticas onde o principal atrativo é a bebida, seja vinho,
cerveja ou cachaça, terão de se adaptar aos novos tempos.
"Estão
querendo colocar o Primeiro Mundo em um país de terceiro. Para uma lei dessas
fazer sentido, deveria haver transporte público decente e não ter polícia
corrupta", afirma o economista José Muylaert, 30 anos, que degustava um
chope no início da madrugada da quartafeira 25 na calçada do Jobi, templo da
boemia do Leblon, no Rio de Janeiro. É verdade. Sem transporte público de
qualidade, com o preço elevado da bandeirada do táxi e o medo da violência, o
brasileiro tem pouquíssimas maneiras de garantir o lazer de sair para beber com
os amigos. É uma realidade diferente da dos europeus ou americanos, em que a
tolerância ao álcool no sangue é, inclusive, mais elevada. "Estou a três
quadras da minha casa e vou voltar de carro porque não dá para andar pelas ruas
tarde da noite", justificava-se o engenheiro Silvio Brito, 30 anos, de São
Paulo, que iniciava o terceiro chope da noite. "Antes de uma lei severa, o
governo deveria investir em infra-estrutura."
Entre os
consumidores afinados com a nova realidade, a alternativa tem sido eleger um
amigo da turma para dirigir e não ingerir álcool. Moradora de São Bernardo do
Campo, município da região metropolitana de São Paulo, a professora Fernanda
Zullin, 25 anos, decidiu não beber na noite da terça-feira 24 para guiar em
segurança até sua casa. "Darei carona para duas pessoas esta noite",
contou, de olho no chope dos amigos. Em outro bar da cidade, a analista de
comércio exterior Erica Samecima, 31 anos, também tomava apenas refrigerante e
daria carona a duas amigas. Naquela noite, ela usava uma braçadeira na qual se
lia "Piloto da vez". Este é um movimento lançado pelo fabricante de
uísque Johnnie Walker que, com a nova lei, tem tudo para ganhar visibilidade.
Os garçons ficam proibidos de oferecer à pessoa com o acessório qualquer bebida
alcoólica.
Os bares e
restaurantes precisam de idéias criativas para driblar a situação. O
tradicional Bar Brahma, no centro de São Paulo, encontrou uma saída. Desde a
segunda-feira 23, disponibiliza uma van para levar os freqüentadores para
hotéis e pontos turísticos da cidade. "Eles não colocam vidas em risco e
ficam mais tranqüilos para beber à vontade", diz Álvaro Aoás, dono do bar.
A idéia é ampliar o serviço para cinco vans dentro de três meses. Os
estabelecimentos cariocas também cogitam fornecer transporte. Dono da rede
Gula-Gula, com 110 restaurantes, e diretor do Sindicato de Hotéis, Bares e
Restaurantes, Pedro de La Mare orientou seus gerentes a firmarem convênios com
táxis para dar descontos a clientes.
Os taxistas,
aliás, estão se preparando para fazer a festa. O carioca Mauro Arantes ganha R$
150 por noite e dá como certo o aumento do faturamento. Para o pernambucano
Severino Bezerra, que há 12 anos faz ponto na frente dos bares da orla marítima
de Olinda, a medida trará mais segurança para quem dirige à noite.
"Trabalho durante a madrugada e já presenciei vários acidentes provocados
por motoristas embriagados. Eu mesmo já fui vítima de dois. Mas, se não houver
fiscalização, isso vai continuar", afirma. Uma ronda entre os bares
freqüentados pela juventude pernambucana, paulistana, carioca e brasiliense, na
semana passada, mostrou que há dúvidas sobre a eficácia da lei - e a maioria
continua bebendo, alguns até ao volante.
Fazer a lei
vingar é o principal desafio das polícias militares, que patrulham as cidades,
e das corporações responsáveis pela fiscalização das estradas. A Polícia
Rodoviária Federal possui 500 bafômetros para 61 mil quilômetros de rodovias
federais e, apenas nos primeiros cinco meses do ano, flagrou 4.199 pessoas
dirigindo alcoolizadas. O governo está comprando mais 500 viaturas, todas com o
equipamento. A Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo tem 82 bafômetros para
cobrir uma área de 24 mil quilômetros e a Polícia Militar Rodoviária detém
outros 79. Na capital, o número de aparelhos está subindo de 11 para 51 e a PM
passou a armar blitze de noite e de madrugada nos dias mais movimentados. Na
quinta-feira 26, 108 motoristas foram abordados, 71 submetidos a teste de
bafômetro, oito perderam a carteira por um ano e pagaram multa de R$ 955 e
quatro foram presos. Eles foram liberados após pagar fiança e vão responder
criminalmente pela infração.
O Rio de
Janeiro está menos mobilizado. Inicialmente, o Detran anunciou a doação de 600
bafômetros descartáveis para a PM, mas desistiu porque as autoridades
consideraram que o equipamento não era preciso o suficiente. O Detran, agora,
fornecerá apenas um bafômetro. No total, há apenas dez aparelhos para patrulhar
as estradas e todos os municípios do Estado. Na Secretaria de Segurança
Pública, o assessor de comunicação, Dirceu Viana, informou que o governo ainda
não orientou os policiais sobre como agir diante da nova lei e a PM "não
vai ficar fazendo operação para pegar bêbado". Uma semana após a entrada
em vigor da lei, apenas o pedreiro Ademir da Conceição Santos, 49 anos, havia
sido detido sob a acusação de dirigir embriagado. Na noite da quartafeira 25,
ele atropelou uma mulher no acostamento na rodovia na região de Angra dos Reis.
A vítima, de 36 anos, sofreu ferimentos leves. Ademir foi autuado por dirigir
sob efeito de álcool e por lesão corporal. Para cada um dos dois crimes foi
arbitrada fiança de R$ 2 mil. Como não pagou, ele continua preso.
Outro
carioca, engenheiro do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes
(DNIT), foi um dos primeiros detidos com base na nova lei em Minas Gerais. A
alegação de que tinha bebido só duas latinhas de cerveja não aliviou a situação
de Arilson Silva, que passou duas horas detido pela Polícia Rodoviária Federal.
Pior: foi exonerado do cargo de chefe do Distrito de Conservação de Obras de
Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Em Anápolis (GO), Carlos Henrique Silva
Dias, 18 anos, foi detido por dirigir embriagado. Ele atingiu um veículo parado
no acostamento por falta de combustível. Maria de Lourdes Silva, 26 anos, e os
filhos, Ryan Moreira Araújo, quatro anos, e Laís Moreira Araújo, oito, morreram
na hora. Carlos Henrique responderá por homicídio doloso (com intenção de
matar) porque havia bebido.
Não há
dúvida de que casos como esses devem ser punidos exemplarmente. Mas, em tempos
de tolerância zero, ajudar um amigo em apuros pode virar um problemão. O
empresário Jullian Neves, 21 anos, perdeu a carteira de habilitação na noite do
sábado 21, na cidade de Itajaí (SC). Ele jantava em um restaurante quando
recebeu o telefonema de um amigo detido em um posto da polícia rodoviária. O
amigo de Jullian voltava de uma feijoada, onde havia tomado cinco latas de
cerveja, e o teste do bafômetro acusou 0,89 mg de álcool por litro de ar
expelido. Teve o carro e a carteira apreendidos pela infração grave e, por
isso, pediu a Jullian para buscá-lo.
O empresário
também teve de se submeter ao bafômetro, que indicou 0,12 mg por litro de ar
expelido, quantidade acima da permitida, mas absolutamente tolerável em países
como França, Suíça ou EUA. Por isso, Jullian teve a habilitação apreendida na
hora. "Tinha tomado apenas uma cerveja havia mais de quatro horas",
garante ele. O curioso é que nem Jullian nem seu amigo pagaram a multa de R$
955. Um perigoso precedente para a política de tolerância zero cair no vazio
Reportagem: Adriana
Prado, Aziz Filho, Claudia Jordão, Danilo Tenório, Hugo Marques, Mônica
Tarantino, Sergio Pardellas e Suzane Frutuoso
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