Destaque – O desastre ambiental causou a
morte em massa de espécies de peixes no rio Caeté após o possível despejo de
material químico.
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lendário rio Caeté, composto por seis
municípios do nordeste do Pará fazendo parte da sua Bacia Hidrográfica: Bonito,
Bragança, Capanema, Ourém, Santa Luzia do Pará e Tracuateua. Possui uma área de
2.060,76 km² e perímetro de 316 km, da nascente (município de Bonito) à foz
(município de Bragança), sofreu neste sábado (03), uma agressão jamais vista
desde da criação das cidades cortadas pelos cursos de suas águas.
Na véspera da
tragédia sexta (02), várias postagens em grupo de WhatsApp alertavam para um
tanque de substância química que havia
estourado em uma fábrica no município de Bonito, MEJER AGROFLORESTAL Ltda., que
por sinal é responsável pelo cultivo, extração e refino de óleo de palma e
palmiste, sendo que no referido município a empresa planta e fabrica o dendê, o
que gera muito emprego para os cidadãos das comunidades vizinhas. A informação não
foi levada a sério pelas autoridades, talvez acharam que fosse uma fakes News,
sendo que no amanhecer do sábado (03) a tragédia era vista a olho nu. Várias espécies
desciam rio abaixo, umas totalmente mortas, outras sufocando, pelo que foi
observado buscando oxigênio para viver. Os moradores da vila como o mesmo nome banhada
pelo rio, abismados não acreditavam na cena cruel e desesperadora. Revoltados interditaram
por mais de 4h a PA 124, trecho da ponte sobre o rio Caeté que divide os
municípios de bonito e de Ourém.
Até o fechamento
desta matéria, a empresa acusada do crime ambiental (MEJER AGROFLORESTAL Ltda),
não se manifestou, e em seu site oficial não tem qualquer nota que fale da
situação.
A Secretaria Municipal
de Meio Ambiente de Ourém, comunicou que aguardará o resultado das
investigações para expedir um comunicado, porém em sigilo esta tomando as
devidas providencias. Não conseguimos qualquer contato com a Secretaria de Meio
Ambiente do Município de Bonito.
Muitas pessoas
indignadas foram para as redes socias protestar. Destacamos o excepcional texto
de uma moradora da vila do Arraial do Caeté, Yane Farias.
Por:
Paulo Bragança
Fonte:
www.ouremnews.com.br
Yane Farias
Alerta
de Textão - CRIME AMBIENTAL NO RIO CAETÉ
Eu
não costumo postar textão em rede social, mas frente a essa situação eu não
aguentei ficar omissa.
Pois
bem, sou de um interior chamado Arraial do Caeté, Vila localizada no município
de Ourém/Pa, muito conhecido pela sua riqueza de rios e Igarapés, o que o faz
ser destino de muitos turistas paraenses que procuram um bom lugar pra se
refrescar no verão.
Próximo
à nossa comunidade, no município de Bonito/Pa, existe uma empresa chamada MEJER
AGROFLORESTAL Ltda., responsável pelo cultivo, extração e refino de óleo de
palma e palmiste, sendo que naquele município a empresa planta e fabrica o
dendê, o que gera muito emprego para os cidadãos das comunidades vizinhas.
Entretanto,
acontece que ontem a noite surgiram avisos nos grupos do WhatsApp de que um
tanque de alguma substância química havia estourado na fábrica e que iria
escorrer pelo Rio Caeté e, hoje, pela parte da manhã, também recebi nos grupos
de WhatsApp vários vídeos da tragédia que aconteceu no nosso lindo e amado Rio
Caeté: a água com cor barrenta (a água do nosso rio é escura) e vários PEIXES
MORTOS boiando no rio, como vocês podem ver nos vídeos filmados pelos moradores
da comunidade.
Curiosa
em saber mais sobre a empresa, comecei a pesquisar sobre ela e encontrei o seu
site na internet e lá constava que a empresa tinha a seguinte MISSÃO: “Atender
e superar as expectativas dos nossos clientes e parceiros, fornecendo produtos
seguros e com qualidade diferenciada, através de modernas tecnologias e elevada
qualificação das pessoas, atuando COM RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL (?) e
gerando valor para nossos clientes, parceiros, empregados, acionistas e
sociedade.” (Risos)
Por
falar em responsabilidade ambiental, vamos falar do que realmente importa ?
QUEM VAI SER RESPONSABILIZADO PELO CRIME AMBIENTAL QUE OCORREU NO RIO CAETÉ?
Para
isso, vou explicar um pouco o que aprendi durante 5 anos de faculdade:
O
Art. 225 da nossa Constituição Federal prevê que todos têm direito ao meio
ambiente ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO, sendo um bem de uso COMUM DO POVO e ESSENCIAL
À SADIA QUALIDADE DE VIDA, impondo ao PODER PÚBLICO E À COLETIVIDADE O DEVER DE
DEFENDÊ-LO e preservá-la para as presentes e futuras gerações.
Daí
se tira que o meio ambiente é um direito fundamental, difuso, coletivo e
transgeracional.
Além
disso, o nosso ordenamento jurídico tem vários outros instrumentos de proteção
ao meio ambiente, como a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, que trás,
entre outros princípios, o do desenvolvimento sustentável, poluidor pagador,
participação e prevenção.
Não
vou me estender em explicar cada um desses, mas o que quero dizer é: a conduta
da empresa MEJER AGROFLORESTAL Ltda., se enquadra no crime tipificado no Art.
54, da Lei de Crimes Ambientais, tendo em vista que a contaminação da água do
Rio Caeté pode gerar riscos à saúde de quem a consumir, além de que provocou a
mortandade de vários peixes do nosso Rio, violando assim, vários princípios,
pois não tomou medidas adequadas para evitar o dano.
E,
pra quem não sabe, o Rio Caeté é de grande extensão e, depois do arraial, ele
deságua no município de BRAGANÇA, ou seja, toda essa extensão do Rio sofrerá os
danos causados pela conduta irresponsável da empresa MEJER AGROFLORESTAL Ltda.
Diante
dessa situação, a empresa pode ser responsabilizada na esfera administrativa,
penal e civil, nesta última podendo ser condenada a pagar indenização por dano
ambiental, uma vez que retirou o equilíbrio ecológico do nosso Rio, bem como
prejudicou o bem-estar e a qualidade de vida que o Rio proporcionava a toda
comunidade.
Infelizmente,
essas ações são comuns no Brasil! Pessoas movidas apenas pelo dinheiro não dão
importância ao prejuízo que causam. A poluição dos nossos rios é rotineira,
apesar de ser uma conduta ilegal, e não falo apenas do nosso Rio Caeté, que
sofre constantemente com as condutas da empresa MEJER (essa não é a primeira
vez, há relatos dos moradores de que a empresa sempre joga resíduos no rio),
mas de todos os rios e Igarapés da nossa região que sofrem com condutas ilegais
de seixeiras, fábricas e afins, sem que NADA seja feito para punir os
responsáveis.
Eu
nasci e fui criada na comunidade do ARRAIAL DO CAETÉ, vila que recebe o nome do
nosso amado Rio, a qual amo e tenho muito orgulho. Cresci indo tomar banho
nesse rio pra passar a tarde com os amigos e relaxar. Meus pais e avós contam
que, no tempo deles, o rio era bem maior e mais fundo, e que agora ele não é
nem metade do que já foi um dia. Eu e os da minha geração pudemos desfrutar um
pouco dos recursos do rio, mas será se vão tirá-los de nós ? E os nossos filhos
e netos ? Vão apenas ouvir nossas histórias ?
Como
já disse anteriormente, é dever da comunidade e do PODER PÚBLICO proteger o
meio ambiente. A comunidade do ARRAIAL DO CAETÉ está cumprindo com o seu papel,
fazendo manifestação e pedindo providências. Mas peço que não acabe por aí,
aproveitem que é ano eleitoral e peçam propostas de preservação dos nossos
rios!
Este
post está longe de ser um post voltado à política, mas não poderia deixar de
falar: COBREM dos Poderes públicos e das autoridades que eles façam a sua parte
para proteger nosso meio ambiente. E fiquem sabendo que o nosso ordenamento
jurídico também responsabiliza as autoridades competentes caso se mantenham
omissas frente a esse tipo de situação.
Por
fim, deixo aí o questionamento: EMPRESA MEJER AGROFLORESTAL Ltda. Vai ser
responsabilizada pelo crime ambiental no RIO CAETÉ?
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