CURIOSIDADES
DO FUTEBOL BRASILEIRO
O futebol brasileiro é recheado de
histórias no mínimo intrigantes, muitas delas fazem parte do nosso folclore e
tornam o futebol cada vez mais apaixonante ao torcedor.
Numa tarde
chuvosa em São Paulo, quando entravam no gramado do Velódromo para restabelecer
seu treino, interrompido pela chuva, os rapazes do Paulistano, despejaram-se
das arquibancadas para o campo, aos berros de “allez-gohack”, palavras atiradas
ao ar por Olavo de Barros e Renato, de jubilo pela estiagem que fizera. Repetido
depois, a qualquer pretexto pela turma do Paulistano, aquele estrangeirismo que
significava “para frente, avante” acabou abrasileirando-se no “alê-guá-guá-guá
hurrah”, que se transformou no hino do Paulistano. Nascia ali, o primeiro hino
futebolístico, e atrás dele, por espírito de imitação, vieram os outros, o do
Mackenzie, por exemplo: - “back, tetéque: black, tetéque, éque, éque” etc.
A primeira
partida de futebol artificialmente iluminada do mundo aconteceu aqui no Brasil,
mais precisamente em São Paulo, numa festiva noite de São João, no ano de 1923.
O jogo fora disputado entre uma equipe de funcionários da Light e a Associação
Atlética República, sob a luz de 20 refletores e 10 projetores, num campo
situado em um terreno da Companhia São Paulo Light, na rua do Glicério. O
resultado da partida se perdeu nos anais da história. Por sorte o registro não
se perdeu, pois no dia seguinte realizava-se uma partida noturna em Lynn, nos
Estados Unidos.
No dia 31 de
março de 1928, foi realizado em São Januário, o primeiro jogo oficial
artificialmente iluminado. O Vasco da Gama venceu o Wanders (Uruguai), por 1 a
0.
Em 1925, o Club
Athlético Paulistano (extinta equipe da capital paulista) realizou uma excursão
à Europa, uma das primeiras realizadas por equipes brasileiras, sendo que seu
saldo foi tão positivo que os jornais franceses denominaram os brasileiros, Os
Reis do Futebol. Em aproximadamente um mês e meio, o Paulistano realizou dez
partidas na França, Suíça e Portugal, obtendo um resultado de nove vitórias e
apenas uma derrota. A façanha dos brasileiros merece destaque maior, pois
enfrentaram verdadeiras seleções, árbitros contrários e, campos, se assim os
podemos chamar, em péssimo estado, além de uma longa viagem de navio e
estafantes viagens de trem.
No início dos
anos 30, disputavam-se algumas partidas noturnas, e a bola utilizada era
marrom. Pois bem, o São Paulo iria jogar contra o Vasco da Gama e o “seu”
Joaquim - Joaquim Simão Gomes - perguntou ao diretor esportivo Mário Cunha
Bueno se poderia pintar a bola de branco. Autorizado, ele comprou uma tinta
chamada Duco Alemão e mandou ver. Estava criada a primeira bola branca do
mundo. Foi um sucesso que se espalhou rapidamente. Só que “seu” Joaquim não
patenteou o invento, aí...
Diamante Negro
virou marca de chocolate em homenagem a um apelido de uma grande estrela do
futebol brasileiro, Leônidas da Silva. Apelido este dado pelos franceses
durante a Copa do Mundo de 1938, na qual foi o artilheiro. Ele não era
estreante, havia jogado a Copa de 1934, na Itália. Já amadurecido, o Diamante
Negro, encantou os torcedores europeus.
... Na noite de
16 de julho de 50, o velho capitão não quis comemorar com o resto do time.
Convidou o massagista da Celeste a sair com ele. Os dois deixaram o hotel sem
destino certo. O Rio era um vasto cemitério. Nem alma do outro mundo se via
pelas ruas da cidade.
Obdulio e o
massagista entram num bar da Avenida Copacabana. O dono do bar é um velho
conhecido de outras passagens da seleção uruguaia pelo Brasil. Obdulio, que já
saíra do hotel um tanto calibrado, quer tomar chope. Está sem um tostão no
bolso. Pergunta se tem crédito. O próprio dono traz duas canecas, espumando.
Obdulio, ainda em pé, bebe de um só fôlego a primeira caneca.
Já sentado,
Obdulio vê entrar no salão um rapaz. Um rapaz que é a própria máscara da
desolação. Nas raras mesas ocupadas, as pessoas ouvem, desconsoladas as
lamúrias do moço. Ressoa pela sala a tristeza cósmica do povo brasileiro.
- O Obdulio
derrotou o Brasil - dizia, em prantos, o torcedor.
O desabafo bateu
de mal jeito no coração de Obdulio Varela. De repente, ele se sente o carrasco
de um povo. O próprio Obdulio narra, na primeira pessoa, o drama que passaria a
viver naquela noite sombria do futebol brasileiro.
“Eu olhava aquele
rapaz sofrido. Foi me dando um mal-estar. O povo desse país tinha preparado o
maior carnaval do mundo e nós arruinamos tudo. De repente, eu estava tão
amargurado quanto ele. Teria sido bonito ver uma noite de carnaval dos
brasileiros. Teria sido emocionante ver a multidão delirando com uma coisa tão
simples, tão singela. Nós tínhamos estragado a festa e, a bem da verdade, não
tínhamos ganhado nada. Conquistamos um título, muito bem. Mas, que seria isso
comparado com a tristeza imensa de uma gente tão simpática? Pensei no Uruguai.
Certamente, o povo lá estaria muito feliz. Mas, eu, Obdulio, eu estava no Rio,
no meio de uma profunda decepção nacional. Me lembrei da raiva que tive quando
os brasileiros nos fizeram o gol. E, no entanto, a bronca que dei no campo iria
doer em mim também”.
O dono do bar foi
à mesa do campeão, levando pelo braço o rapaz, ainda choroso.
- Sabe quem é
este? Este é o Obdulio Varela. - E apresentou um ao outro.
- Tive a súbita
sensação de que aquele rapaz podia me matar - confessa Obdulio - e, se me
matasse, talvez merecesse absolvição.
- Por favor,
Obdulio - disse, reverente, o rapaz -, você quer tomar um chope comigo?
Obdulio aceitou.
Mudou de mesa. “Se tiver de morrer aqui, não pode existir noite mais
apropriada”, pensou.
À noite do
triunfo, Obdulio Varela passou-a, inteirinha, esvaziando canecas e consolando
aquela alma penada que acabara de conhecer. Um pobre coração destroçado. E a
quem, lá pelas tantas da madrugada, talvez tivesse confessado, como
confessaria, mais tarde, ao escritor Oswaldo Soriano:
- Se tivesse de
jogar, de novo, aquela final do Maracanã, não se assombre com o que eu vou lhe
dizer: eu faria um gol contra. Um gol contra, sim senhor!...
(Nogueira, Armando - A triste noite de um campeão)
Num célebre jogo
no final dos anos 50, em que o São Paulo venceu o Santos por 6 a 2, Mestre Ziza
pôde testar a habilidade de Canhoteiro - que já era chamado A Força Branca.
Exausto por recente excursão à Europa, entregou a bola a Canhoteiro e
recomendou: “Vê se ganha algum tempo para a gente”. Do campo do São Paulo, o
ponta foi driblando até a área do Santos e voltou: “Toma a bola de volta,
Mestre”.
Um grande
artilheiro pode ser também um goleiro de primeira. Afinal, sempre existiu um
fascínio entre o algoz e a vítima. Pelé, um dos maiores goleadores que o mundo
já conheceu, jamais escondeu isso de ninguém. Aliás, sempre gostou de jogar no
gol, mostrando um talento natural para a posição. Mas se Pelé não fosse a
própria camisa 10, na certa teria sido goleiro. Nos recreativos do Santos, ele
costumava brincar na posição e no Ébano, time de praia que reunia jogadores
negros, era titular absoluto da camisa nº 1. Uma vez, o grande público teve oportunidade
de apreciar suas outras habilidades. Foi no início dos anos 60, no Pacaembu, em
São Paulo. O Santos jogava contra o Grêmio e o goleiro Laércio foi expulso.
Pelé não pensou duas vezes, vestiu a camisa preta de mangas compridas e foi
para debaixo dos “três paus”. Fechou o gol. Não deixou passar mais nada. O jogo
terminou com a vitória do Santos por 4 a 3. A única apresentação oficial do
autor dos mais belos gols na moldura de suas obras.
Na caótica
Seleção Brasileira de 1966, muitos fatos foram realmente inusitados (como a
formação de quatro equipes, por exemplo), mas um deles serve para demonstrar
bem o que aconteceu naquele tempo: na lista de jogadores convocados saiu o nome
de Ditão, do Flamengo, que se apresentou, é lógico. Só que o convocado pelo
técnico Vicente Feola era na realidade Ditão do Corinthians. A CBD
(Confederação Brasileira de Desportos) não quis assumir o erro cometido -
dentre muitos - e por esses caprichos tão comuns ao nosso futebol, ficou o
Ditão do Flamengo mesmo. Que, por fim, foi cortado.
No dia 22 de
junho de 1996, o Estado de Roraima, que possui o campeonato estadual mais novo
do país, presenciou um fato jamais ocorrido no futebol brasileiro. A partida
pelo estadual, entre o Rio Negro e o Progresso, teve a incrível marca de um
pagante, o autor de tal façanha, foi o motorista do Ministério de Agricultura
de Boa Vista, Abraão Pereira de Souza. A renda da partida também atingiu a
incrível marca de R$ 5,00 (cinco reais), sendo que cada clube ficou com a não
menos incrível quantia de R$1,00 (um real). Um mês antes, em outra partida
entre as mesmas equipes, o público pagante foi de quatro pessoas, com renda de
R$ 20,00 (vinte reais).
Considerado o
detentor do melhor futebol do mundo, o Brasil, teve por muitos anos, o pior
time do mundo - o Íbis Sport Club. Fundado em 15 de novembro de 1938, o Íbis
surgiu na iniciativa de Onildo Ramos, gerente da Tecelagem Seda e Algodão de
Pernambuco, a T.S.A.P., em realizar o sonho dos operários da fábrica: ter um
time de futebol para disputar o Campeonato Pernambucano de profissionais. A ave
sagrada do Egito antigo, protetora da cultura da seda e presente na marcada da
empresa, foi escolhida para o nome e distintivo.
Nos primeiros
anos a equipe não era tão ruim, chegando até mesmo a ser campeã pernambucana em
1946. O Íbis começou a ser tachado de o pior time do mundo a partir da década
de 80, quando ficou três anos seguidos sem ganhar um único jogo e sofreu uma
série de goleadas históricas, entre elas, 11 a 0 para o Santa Cruz. No
campeonato de 81, por exemplo, números impressionantes: 18 derrotas em 18
jogos, sofrendo 89 gols e marcando apenas quatro. No campeonato seguinte,
disputou 11 partidas, perdeu dez e empatou uma. Fez seis gols e sofreu 46. Com
esse curriculum, o Íbis, teve por muito tempo orgulho de ser taxado de o pior
time do mundo. Mas a história começou a mudar, a partir do ano 2000, o time
ascendeu a primeira divisão de Pernambuco e agora não quer mais o “honroso”
título.
Referências Bibliográficas:
DUARTE, M. O Guia dos Curiosos. São Paulo: Cia das Letras,
1996. p.164-178.
NOGUEIRA, A. A triste noite de um campeão. O Estado de São
Paulo. São Paulo, 18 de agosto de 1996. Esportes, p.2.
PATUSCA, A. Os Reis do Futebol. São Paulo: Bentivegna, 1976.
REVISTA PLACAR. São Paulo: Abril.
SUPLEMENTO ESPECIAL DE ISTOÉ. Espanha 82 - O Brasil e as
Copas do Mundo. São Paulo: Caminho Editorial, 1982.
Flu domina
Seleção Brasileira e Fred é o craque
A CBF inovou neste ano e antecipou a divulgação da seleção do
Campeonato Brasileiro para esta sexta-feira. Duas das principais equipes da
competição, Fluminense, campeão, e Atlético-MG, atual terceiro colocado,
dominaram a eleição, com quatro nomes cada, mas no fim o time carioca teve mais
premiados, já que Abel Braga foi eleito o melhor técnico e Fred, o craque do
campeonato.
A equipe mineira, que ainda teve Bernard como a revelação do
Brasileirão, dominou a defesa da seleção, com Marcos Rocha, Leonardo Silva e
Réver fazendo companhia a Carlinhos, do Fluminense. Os outros representantes do
clube campeão foram o goleiro Diego Cavalieri, o volante Jean e o atacante
Fred.
Quem teve mais motivos para comemorar foi justamente Fred. O
atacante foi fundamental para o título, principalmente na reta final, quando
marcou gols decisivos, o que lhe garantiu o título de craque da competição. Os
gols, aliás, foram constantes na campanha do jogador e o fizeram chegar à
última rodada como artilheiro, com 19 gols, dois à frente de Luis Fabiano.
Os outros clubes representados na eleição foram o São Paulo,
com o meia Lucas, o Corinthians, com o volante Paulinho, e o Santos, com o
atacante Neymar. O curioso é que o Grêmio, atual segundo colocado da
competição, não teve nenhum jogador eleito.
Criada em 2005, a eleição do craque do Brasileirão costuma
premiar os jogadores dos times campeões de cada edição. Fred é o sexto
representante de um time vencedor a ser eleito o melhor do campeonato. Os
outros foram: Tevez, pelo Corinthians, em 2005; Rogério Ceni, pelo São Paulo,
em 2006 e 2007; Hernanes, pelo São Paulo, em 2008; e Conca, pelo Fluminense, em
2010. Somente Diego Souza, pelo Palmeiras, em 2009 (quando o Flamengo foi
campeão), e Neymar, pelo Santos, no ano passado (quando o Corinthians foi
campeão), fugiram à regra.
Apesar do anúncio antecipado, os prêmios só serão entregues
no dia 3 de dezembro, em cerimônia marcada para São Paulo. Nela também serão
revelados os vencedores nas categorias: artilheiro, craque da galera, torcida
de ouro e melhor árbitro.
Confira a seleção do
Campeonato Brasileiro de 2012:
Goleiro: Diego
Cavalieri
Lateral-direito: Marcos
Rocha
Zagueiros: Leonardo
Silva e Réver
Lateral-esquerdo:
Carlinhos
Volantes: Jean e
Paulinho
Meias: Lucas e
Ronaldinho
Atacantes: Neymar e
Fred
Técnico: Abel Braga
Revelação: Bernard
Craque do campeonato: Fred
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