Destaque: Assim como na cidade catarinense, criminosos usaram reféns como escudo e atacaram um quartel da PM. Grupo fugiu. Uma pessoa morreu, segundo o prefeito.
Uma quadrilha com pelo menos 10 criminosos tomou as ruas de Cametá (PA), a 235 km de Belém, e assaltou uma agência do Banco do Brasil. A ação aconteceu no começo da madrugada desta quarta-feira (2).
Moradores relataram, em redes sociais, uma noite de terror. Um homem, identificado como Alessandro de Jesus Lopes Moraes, foi morto após ser feito refém. Outra pessoa foi atingida na perna e precisou ser internada no hospital da cidade, mas sem risco de morte.
Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), a quadrilha errou o cofre e não levou nada do banco.
Resumo
Uma quadrilha com pelo menos 10 criminosos assaltou uma agência do Banco do Brasil em Cametá, a 235 km de Belém.
A ação começou por volta da meia-noite e durou cerca de 1 hora e meia.
Os bandidos usaram moradores da cidade como escudo humano e atacaram o 32º Batalhão da Polícia Militar do Pará.
Um dos reféns morreu.
Quadrilha usou armas de alto calibre e explosivos.
Os bandidos fugiram de carro e, depois, em barcos.
Governador disse que ladrões erraram cofre e não levaram nada.
Um suspeito foi preso por dar suporte logístico ao grupo armado.
A ação tem características semelhantes à registrada em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, na madrugada desta terça (1º), em que uma quadrilha também fez ataques pelo município em ação para assaltar uma agência do Banco do Brasil.
Em 2020, o estado registrou outros dois assaltos semelhantes: um em Ipixuna do Pará, em 30 de janeiro, e em São Domingos do Capim, em 3 de abril. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (Segup), "praticamente todos os envolvidos" foram presos. De 2017 a 2020, foram 51 assaltos desse tipo no Pará, de acordo com dados da secretaria.
Assim como ocorreu em Criciúma, a quadrilha atacou um quartel da Polícia Militar (PM), impedindo a saída dos policiais, e usou reféns como escudos para se locomover pelas ruas da cidade. As pessoas foram capturadas em bares.
Esse crime é conhecido como "novo cangaço" ou "vapor", que se caracteriza por ações rápidas, violentas, com muitos disparos de armas de fogo, tomada de reféns e uso de explosivos. Normalmente, são planejados em cidades de médio e pequeno porte, que tem um efetivo menor de policiais. Nas ações, os criminosos cercam os batalhões de polícia.
"Muita gente estava assistindo ao jogo, os bares estavam lotados", diz Márcio Mendes, morador da cidade, em entrevista a GloboNews. "Renderam as pessoas e levaram para frente da base da Polícia Militar."
Os criminosos atiraram para cima durante mais de uma hora. O grupo usou armas de alto calibre e explosivos. Vídeos registram que em aproximadamente 2 minutos foram ouvidos 45 tiros.
Em nota, o Banco do Brasil informou que não abrirá nesta quarta-feira e que não há registro de funcionários ou colaboradores do BB feridos na ação. O banco ainda ressaltou que colabora com as investigações e aguarda a conclusão dos trabalhos de varredura da perícia e liberação do acesso ao local, quando será possível realizar a avaliação dos danos à estrutura e a limpeza da agência. O Banco do Brasil não informa valores subtraídos durante as investidas criminosas às suas agências.
Fuga de carro e barco
Os bandidos deixaram a cidade pela rodovia Transcametá e seguiram pelo rio. Segundo a PM, o grupo fugiu usando carros e barcos – a cidade fica às margens do Rio Tocantins. Até às 10h30, a Secretária de Segurança Pública do Pará (Segup) informou que não há presos. Uma caminhonete com explosivos foi apreendida no km 15 da estrada que liga Cametá a Tucurí, segundo o governo.
Cametá é uma das 10 maiores cidades do Pará, com cerca de 136 mil habitantes, segundo o IBGE, e fica próximo à Ilha do Marajó, no norte do estado. O governador Helder Barbalho (MDB) disse está a caminho do município para acompanhar as investigações.
"Já estou em contato com a cúpula da segurança pública do Estado acompanhando as providências que estão sendo tomadas neste episódio, no município de Cametá. Não mediremos esforços para que o quanto antes seja retomada a tranquilidade e os criminosos sejam presos. Minha total solidariedade ao povo cametaense", escreveu governador.
De acordo com as primeiras informações do Governo do Estado, durante a fuga os criminosos deixaram dinamites no km-40 da BR-422, ainda em Cametá. Mais adiante, no km-80 da mesma rodovia, mas já no município de Baião, um carro suspeito de ter sido usado na fuga foi encontrado dentro do rio Itaperuçu. A Polícia acredida que os suspeitos seguiram pela mata a partir daí.
Por G1 PA — Belém
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